• projetos •

Espaço Kindezi –
Afro Educação na Infância

Kindezi – Afro-educação na Infância é um espaço afroafetivo de encontro, encanto e acolhimento para crianças, com foco na difusão da cultura negra brasileira e africana através oficinas atravessdas por multilinguagens artísticas afro-referenciadas que fortalecem a identidade e o pertenimento negro e reforçem a autoestima das crianças e seu desenvolvimento.

Acreditamos na importância de difundir uma ancestralidade outra, que foge dos estigmas do escravismo, e coloca o povo negro em um lugar de positivação das suas memórias, da sua existência, da sua subjetividade, desde a primeira infância.

O projeto é dedicado a crianças na faixa etária de 4 a 10 anos, negras e não negras

JUSTIFICATIVA

O eurocentrismo e aspectos brancocêntricos da educação aparecem no modo como a história é contada nos espaços formais e não formais de ensino, como se a história dos afrodescendentes começasse como descendentes de escravizados. Adichie (2015) defende: “Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias têm sido usadas para expropriar e tornar maligno. Mas, histórias podem, também, ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo e histórias podem reparar essa dignidade perdida.”

Estudos já comprovam que a humanidade surge na África, portanto não faz sentido que a África desapareça do estudo histórico para voltar no século dezessete para ser escravizada. Então, nesse sentido, há nitidamente um apagamento histórico nas escolas no Brasil. Há um apagamento curricular no campo das memórias das pessoas negras que corrobora com o epistemicídio, que, objetivamente, pode ser entendido como a desvalorização, negação ou ocultamento das contribuições do Continente Africano e da diáspora africana na construção do Brasil. Carneiro (2005), afirma que “o epistemicídio tem se constituído no instrumento operacional para a consolidação das hierarquias raciais por ele produzidas, para as quais a educação tem dado contribuição inestimável”. Assim, além da dimensão curricular, a escola reproduz o racismo nas macroestruturas sociais, de forma que a maioria das pessoas em posições de poder nas instituições são pessoas brancas. Carvalho (2005) em sua pesquisa, aponta que, no âmbito da escola, a análise da classificação racial das crianças, faz relação com seu desempenho escolar, permitindo assim uma associação, por parte dos educadores, entre pertencimento à raça negra e problemas de desempenho. Portanto, as discussões sobre a educação das relações étnico-raciais e as reflexões sobre o impacto da aplicação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 rompem com o silêncio que envolve a questão racial no ambiente escolar, reconhecendo e valorizando a importância dos saberes africanos, afrobrasileiros e indígenas para o processo de subjetivação de crianças, combatendo as epistemologias hegemônicas, desconstruindo estereótipos e preconceitos, propondo uma educação no sentido de que todos se vejam incluídos. Se o racismo cria subjetividades negras subalternas, ele intensifica subjetividades brancas narcisísticas, manipuladoras, com uma falsa noção de superioridade. As práticas pedagógicas afro-referenciadas potencializam o processo de subjetivação tanto de crianças negras, pois encontrarão no espaço de ensino uma fonte para o desenvolvimento de uma possibilidade positiva de pertencimento racial, quanto das crianças brancas, pois terão elas a oportunidade de ampliação de repertório e conhecimento e valorização da diversidade étnico-racial do povo brasileiro.

OBJETIVOS

- Atender as leis nº 10639/03 e 11645/05 e a educação das relações étnico-raciais, principalmente, na primeira infância.

- Promover um espaço comprometido com a educação antirracista com garantia de representatividade e fortalecimento das identidades e do pertencimento etnico-racial das crianças na fase escolar e em processo de alfabetização

- Fomentar a educação afro- referenciada no território, Paraty, Rj - Promover a valorização da diversidade étnico-racial, em particular a cultura afro-brasileira e africana, de forma a superar o racismo (ainda) presente no sistema educacional brasileiro

- Oportunizar um espaço de acolhimento e fortalecimento de famílias negras e inter-raciais

- Difundir o uso de materiais didáticos e ferramentas adequadas contemplando as dimensões multiculturais

PROPOSTA METODOLÓGICA

Intentamos ofertar oficinas, com duração de 1h30, três vezes por semana. Para este semestre escolhemos trabalhar a educação antirracista a partir das linguagens da corporalidade, literatura e natureza-alimentação-ancestralidade. Os materiais utilizados nas oficinas serão disponibilizados pelo projeto, sem custo adicional nas mensalidades.

Terça-feira
13h - Descobrindo as ervas (Rose Luz)
14h45 - Lanche
15h15 - Contação de história e yoga (Day)
Vagas: 20 crianças (10/10)

Quarta-feira
13h - Robótica
14h45 - Lanche
15h15- Natureza, alimento e ancestralidade (May)
Vagas: 16 vagas (8/8)

Quinta-feira
13h- Corpo-dança (Claudia)
14h45 - Lanche
15h15- Inglês (Carina)
Vagas (total) - 20 crianças (10/10)

QUEM SOMOS

Carina Caputo (Professora de Inglês) - 31 anos, mulher, negra, com formação bilíngue desde o ensino médio na Escola do Futuro em SP. Se especializou em educação de idiomas, tradução e interpretação, e atua como professora em escolas especializadas e aulas particulares. Desenvolve planos de aulas, correção de tarefas, aplicação de provas e testes de nivelamentos, gestão de pais e alunos, acompanhamento pedagógico e criação de materiais extra curriculares. Moradora de Paraty e idealizadora de um projeto de educação do idioma inglês no formato afro referenciado.

Claudia Ribeiro - Tem 43 anos, mulher preta não retinta de origem baiana. É atriz, educadora e pesquisadora em teatro, música, dança e literatura. Tem licenciatura em Letras pela UNIOESTE - Campus Foz do Iguaçu - PR. Mora em Paraty há quase 10 anos, onde atua, canta, toca, compõe e dança em alguns grupos locais como Nós e folhas, Nega pisô, e Mutuan. Integrou por quatro anos o grupo de estudos em música universal Oficina do som conduzido por Carol d’Avila. No teatro desde 1998, passou também pela experiência de cinco anos (2014-2019) de pesquisa no APA – Ateliê de pesquisa do ator do SESC/Paraty. Educadora professora de português e comunicação e expressão na Escola Comunitária Cirandas. Produtora e roteirista do sarau Fuzuê literário.

Dayene Silva (Educadora) - 33 anos, mulher, negra, não retinta, periférica, educadora, contadora de história, mediadora de leitura, licenciada em ciências biológicas, gestora ambiental, professora de yoga para crianças. Trabalha em espaços formais e não formais de educação há 9 anos, pesquisa a educação das relações étnico-raciais na literatura infanto-juvenil e desenvolve projetos de educação que promovem o diálogo entre o ensino de ciências e as Leis 10639/03 e 11645/08;

Lilian Francielle (Professora de Capoeira) - 36 anos, mulher, negra, mãe, nascida em Diamantina/MG, atualmente moradora da zona rural de Paraty RJ. Atua como arte-educadora e agente cultural com ênfase na Cultura Negra, Quilombola e de Povos Tradicionais. Tem iniciação no Ballet Clássico e passou a praticar Capoeira em 2005, com destaque dentro do Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, onde iniciou-se como professora. Tem formação em dança afro, já participou de várias oficinas de formação em danças regionais e contemporâneas. Em 2010 iniciou os trabalhos como Educadora Social, no CRAS, com oficinas de Dança, Capoeira, Artesanato e grupos de fortalecimento de vínculos e de convivência.

Rose Luz - mulher, preta, baiana, 38 anos, formada em gestão comercial, pós graduada em Fitoterapia (UFBA), contadora de história (formada pelo Grupo Vozes da África), formada em Massoterapia, Reflexologia, Psicoaromaterapia, Thetahealing e Reiki. Participou do projeto Sementes - Flipinha 2022 (Paraty) como mediadora de leitura e coordenadora do “Pés de livros”. Atuou também como Agente multiplicadora do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de drogas (Salvador). Vem atuando com as medicinas e tecnologias afro-indígenas em conjunto com as práticas integrativas sob uma perspectiva holística.